terça-feira, 2 de outubro de 2007

Primeiro dia de aulas

O verão é já um passado recente, que me proporcionou bons momentos de descontracção e um acumular de energias, energias preciosas para alcançar os objectivos a que me proponho.

O primeiro desafio, o grande, o mais exigente, aquele que surge naturalmente no meu horizonte e que não o posso ignorar, tem um comprimento de dez meses e largura infinitesimal de desleixos, uma altura imensurável de conhecimento e o peso de onze poltronas, tudo isso, colocado sobre os meus ombros, o que me vergará a espinha sobre os livros, por períodos de quinze horas diárias.

Lançar cada uma das poltronas para as sombras do passado não pode ser visto como utopia, mas como o sobrepujar de fraquezas no rigor que impus às minhas tarefas, cada poltrona lançada será fruto do equilíbrio gerado pela constante luta entre corpo e mente, as onze poltronas serão a epopeia.

Terça-feira, 2 de Outubro, 8 horas da manhã, os primeiros raios de sol entram com esforço no janelo do meu quarto, que não é mais que uma telha albina e translúcida, e dá luz ao meu primeiro dia de aulas. O despertar, para espanto meu, foi calmo e em sintonia com o silêncio e frescura matinal, até a Bolsa de Valores estava verde como uma alface colhida no orvalho da manhã. Que todas as manhãs fossem assim e na companhia do meu amor era um rapaz feliz.

Acordei cedo, mas nem por isso evitei um atraso de cinco minutos à primeira aula, não foi grave, mas foi contra a minha sentença moral, consequência disso, foi encontrar lugar no fundo da sala e interromper o discurso do Professor. Nem evacuação fecal de pombo em janela de carro causa tanto incómodo.

Não é motivo de orgulho, mas 20 anos de escola tiraram-me a arritmia cardíaca do inicio das aulas.

Almoçar nas cantinas nem pensar, tanto uma como outra estavam a abarrotar, almocei em casa. No fim corri novamente para as aulas, a tempo de não chegar atrasado.

A minha última aula do dia foi Cálculo III e posso dizer que gostei e participei, gostei porque foi apresentação e participei porque vi que estava a ser prejudicado nos meus interesses. Voltei para casa debaixo de chuva, sem pressa e de cabeça levantada, afinal foi o primeiro dia de aulas e estava feliz, a chuva foi uma bênção e recebi-a como uma alface recebe o orvalho sem se murchar.

1 comentário:

Aluada disse...

Olá,
Vê-se que ainda estás verdinho mas com o tempo amadureces.
Poltrona a poltrona faz-se o curso, hora a hora fazes a poltrona e como docinho no final pode ser que um dia acordes ao lado do teu amor e sejas um rapaz feliz.
LF