quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Azar

Estou revoltado! Perdi uma aposta quase ganha, num desempate quase certo, mas não julguem que vou desistir. Consolado pela minha alma gémea, esmoo a derrota, “Azar no jogo, sorte no amor”, não sou de ir fiado em ditados, mas admito que no meu caso o provérbio adquire o valor de axioma.


Não é querer ser pessimista, mas o azar teima em perseguir-me ao longo do tempo, e o pior é a proporcionalidade directa, face a uma aposta significativa, num acontecimento quase certo.

A minha aposta do dia 1 de Outubro, no jogo Tottenham x Aston Villa, é um exemplo concreto do meu azar.

No desenrolar da segunda parte do jogo, quando o resultado estava a 1:4, decidi fazer uma aposta na vitória do Aston Villa, outra coisa não seria de esperar a cerca de 30 minutos do fim. Pois bem, espante-se, mas o Tottenham motivado marcou 2 golos antes do minuto 90, nada preocupante com 3 minutos para jogar e um golo para marcar. Podia ter feito GreenBook a qualquer momento, mas pareceu-me possível o Aston Villa segurar a vitória em 3 minutos de jogo, não foi o que aconteceu, pois por azar dos azares o Tottenham conseguiu marcar um golo a 1 minuto do fim.



Agora coloco a questão: De onde vem tanto azar? Nem tudo virá decerto da minha sorte no amor, terá de haver algo inexplicável e somente compreendido ao nível do paranormal.

Azar não pode ser obra de Deus, Deus de amor e bondade, que nos abençoa. A bênção de Deus não implica que tudo irá correr bem constantemente, mas o meu azar é por demais evidente para ser vontade de Deus.

Admitindo que realmente sou azarado e não uma vitima de macumba, coloco agora a questão noutro sentido. Será que posso melhorar a minha sorte? A resposta é difícil ou talvez inexistente.

Em tempos utilizei a ciência para conseguir esse objectivo, nomeadamente a utilização de combinações e probabilidades, não foi frutífero, creio que não é na ciência que encontrarei resposta. Resta-me o oculto, o paranormal e nesse campo tenho muito por onde escolher, ei-los: Amuletos, talismãs, símbolos, fios, pulseiras, santos, horóscopos, peregrinações, bruxas, etc.

De todos, só os horóscopos e as bruxas é que me podem dar respostas, opto por investigar o primeiro, porque o segundo sai caro.

São conhecidos 4 Horóscopos:

Horóscopo Árabe: É o que normalmente vemos nas revistas, nunca me deram grandes respostas, por isso excluo.

Horóscopo Egípcio: Os Egípcios surgem no berço da civilização, são místicos, deixaram obras surpreendentes e talvez possam dar-me algumas respostas.

Horóscopo Chinês: Faz depender tudo do ano em que se nasce, não faz muito sentido, não acredito numa geração 81 toda azarada.

Horóscopo Celta: Deixemos de parte o horóscopo Celta, pelo menos por enquanto.

Segundo os Egípcios, é a Deusa Tauret que cria influências positivas e negativas sobre a minha existência.


Conhecendo Deusa Tauret

“Tauret é a deusa da fertilidade, do nascimento, do renascimento e da felicidade. A pessoa nascida sob sua regência é benevolente, sensível e intuitiva. Possui uma energia positiva enorme e uma aptidão natural para lidar com assuntos místicos e esotéricos. Deve usar toda essa força na ajuda ao próximo. Seus olhos são expressivos e denotam candura.”

Friso, (“Possui uma energia positiva enorme (…)”), sem comentários e sem respostas.

Quanto a ajudar o próximo, sempre posso dar os meus números do Euromilhões, é quase certo que nenhum sai, por isso, apostando nos restantes o meu próximo tem mais probabilidades de acertar na chave milionária.

Para controlar este azar no jogo e na Bolsa, só me resta uma solução, que é a de encarar o jogo como algo com lógica e como tal deve ser alvo de reflexão, apostar com estratégia e não por instintos falaciosos. O mesmo se aplica à Bolsa, que não deve ser vista como um jogo de investimento no sobe e desce, mas encarada como um investimento na perspectiva do negócio. Conclusão, é tudo uma questão de ponto de vista, não ver as coisas como um jogo. Até novas investigações pouco mais posso acrescentar.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Primeiro dia de aulas

O verão é já um passado recente, que me proporcionou bons momentos de descontracção e um acumular de energias, energias preciosas para alcançar os objectivos a que me proponho.

O primeiro desafio, o grande, o mais exigente, aquele que surge naturalmente no meu horizonte e que não o posso ignorar, tem um comprimento de dez meses e largura infinitesimal de desleixos, uma altura imensurável de conhecimento e o peso de onze poltronas, tudo isso, colocado sobre os meus ombros, o que me vergará a espinha sobre os livros, por períodos de quinze horas diárias.

Lançar cada uma das poltronas para as sombras do passado não pode ser visto como utopia, mas como o sobrepujar de fraquezas no rigor que impus às minhas tarefas, cada poltrona lançada será fruto do equilíbrio gerado pela constante luta entre corpo e mente, as onze poltronas serão a epopeia.

Terça-feira, 2 de Outubro, 8 horas da manhã, os primeiros raios de sol entram com esforço no janelo do meu quarto, que não é mais que uma telha albina e translúcida, e dá luz ao meu primeiro dia de aulas. O despertar, para espanto meu, foi calmo e em sintonia com o silêncio e frescura matinal, até a Bolsa de Valores estava verde como uma alface colhida no orvalho da manhã. Que todas as manhãs fossem assim e na companhia do meu amor era um rapaz feliz.

Acordei cedo, mas nem por isso evitei um atraso de cinco minutos à primeira aula, não foi grave, mas foi contra a minha sentença moral, consequência disso, foi encontrar lugar no fundo da sala e interromper o discurso do Professor. Nem evacuação fecal de pombo em janela de carro causa tanto incómodo.

Não é motivo de orgulho, mas 20 anos de escola tiraram-me a arritmia cardíaca do inicio das aulas.

Almoçar nas cantinas nem pensar, tanto uma como outra estavam a abarrotar, almocei em casa. No fim corri novamente para as aulas, a tempo de não chegar atrasado.

A minha última aula do dia foi Cálculo III e posso dizer que gostei e participei, gostei porque foi apresentação e participei porque vi que estava a ser prejudicado nos meus interesses. Voltei para casa debaixo de chuva, sem pressa e de cabeça levantada, afinal foi o primeiro dia de aulas e estava feliz, a chuva foi uma bênção e recebi-a como uma alface recebe o orvalho sem se murchar.